É hoje!

domingo, 27 de setembro de 2009
0 Portas LEScancaradas


Mais um post perfeitamente off-topic... ou nem por isso.
É hoje! São hoje, hoje somos... Portugal.

Chamem-me ingénua, mas estou um pouco ansiosa.

Vá, para não ser tão off-topic assim, aqui deixo dois momentos do "Esmiúça os sufrágios".




Com isto passámos a saber que:

1) Ou Paulo Portas vive, todo ele, num mundo imaginário (Paulo no País das Maravilhas! yay!), ou tem um especial prazer em dizer parvoíces tão mal amanhadas que qualquer pessoa com mais de 12 meses de idade percebe que ele está a mentir... Cá para mim, desconfio que ele andou a tomar alucinogénicos para criar ali uma empatia e roubar eleitores aos partidos de esquerda...

2) A Manuela Ferreira Leite ainda não aprendeu que quando se defende uma ideia, deve usar-se os argumentos que suportam essa ideia, e não os que a refutam... Focou-se, e bem, no casamento enquanto "instituição" que, no âmbito das gerações futuras, serve mais para a reprodução de valores do que para a reprodução em si. Bravo, Manuela... Só te falta um bocadinho assim para chegares à brilhante conclusão - nós também podemos fazer isso.

E, com isto, enterraram-se os dois.

Eleições Legislativas - e nós?

sábado, 19 de setembro de 2009
0 Portas LEScancaradas

Desculpem se este blog está a tornar-se chato e pesadão, com textos sobre aquele-assunto-que-quando-nos-surge-à-frente-nos-apressamos-a-virar-a-página-ou-a-carregar-freneticamente-no-botão-do-comando-para-mudar-de-canal. Sim, estou a falar (com um eufemismo genial!) de política. Peço-vos que finjam, por uns minutos, que têm uma paralisia nas mãos (é melhor no corpo inteiro, não vão vocês lembrar-se de virar a página com os pés!) ou que o comando está sem pilhas e ofereçam-me um bocadinho da vossa atenção, em jeito de prenda de Natal antecipada.

As Eleições aproximam-se e, sendo o casamento homossexual um dos temas em destaque, não poderia deixar de me pronunciar sobre elas. Sinceramente, e para que fique bem claro que não quero aqui vender um peixe em especial, não tenho uma orientação política vincada. Nutro de uma tal falta de fé nos políticos portugueses que a minha preferência recai sempre naqueles que, em cada momento, me parecem mais dispostos a cumprir aquilo que prometem, seja à direita ou à esquerda. Por outras palavras, tento descobrir qual é o menos aldrabão por entre os aldrabões, (quase) independentemente da sua ideologia. Mas, como já referi, não vim aqui revelar quem merece para mim o prémio de “Menor Aldrabão” ou dizer-vos à frente de que nome vou desenhar a minha cruzinha mágica. Venho antes dizer-vos em quem não vou, de forma alguma, votar, explicar-vos resumidamente porquê e dar-vos algumas fontes.

Bem sei que o País tem muitos e graves problemas. Que não há empregos, que não há apoio à iniciativa privada, que somos pobres, que a corrupção e a lei da cunha são moeda corrente, que o ensino anda aí de igreja em igreja a rezar por ideias para o tirar da lama, etc, etc, etc... Se formos esmiuçar (Go Gato Fedorento!) os discursos de cada candidato, com um dicionário de politiquês na mão e uma TV com as funcionalidades “stop”, “rewind”, “replay” e “slow motion” (caso contrário é difícil entender o que eles dizem), veremos que não só prometem medidas diversas para levantar este País, como têm diferentes prioridades. Este quer o TGV para nos ligar a Espanha, aquele prefere gastar o dinheiro na protecção às PMEs. Ora, cada um de nós também terá diferentes prioridades, e estas advêm da vida de cada um. Por exemplo, se eu tiver uma Pequena Empresa em apuros, talvez vá votar naquele candidato que (julgo) me irá oferecer uma maior protecção nesse sector. Pelo contrário, se for proprietária de terrenos no local onde vai passar a linha do TGV, certamente a minha escolha será outra... Isto para dizer que a política não está só naqueles números estranhos que os candidatos comunicam e que pouco têm a ver com a nossa vida. A política interfere directamente no que se passa com cada um de nós e compete-nos, individualmente, reconhecer o que mais nos afecta e escolher quem partilhe prioridades parecidas com as nossas. Poderá alguém concordar com tudo o que um determinado partido defende? É claro que é improvável e, na minha opinião, a pergunta-chave que devemos colocar a nós próprios em relação a cada candidato é a seguinte: “Naquilo que é mais importante para mim, este candidato defende o mesmo que eu?”.

Chegando ao ponto fulcral: pese o meu descontentamento com todos os problemas acima mencionados e mais alguns, não há nada que me afecte mais intimamente do que viver num país no qual a homofobia está suportada pela Lei. Num país onde está escrito que o meu amor não vale o mesmo que aquele ali, porque aquele é entre um homem e uma mulher. Portugal berra-me aos ouvidos que não poderei ter o mesmo estatuto que uma família, como se eu e a minha (hipotética) companheira não fossemos uma família, mas apenas um mero, rasco e ocasional ajuntamento de pessoas sem valor. Continua também a acusar-me de não estar apta a educar uma criança simplesmente por ser homossexual, mantendo implícita a ideia de que a homossexualidade é uma doença grave e contagiante. Resumindo, um Portugal que justifica e apoia a minha marginalização.

Mas merda! EU sou Portugal! TU és Portugal! Somos nós que o fazemos, corrigimos, moldamos através das nossas acções. E no dia 27 poderemos agir, mostrar qual é o Portugal que queremos. Por isso, não consigo conceber dar o meu apoio a alguém que publicamente me desvaloriza e trata como uma cidadã de segunda. Seria fazer parte do Portugal que me castra, e esse não é o meu país.Estaria a dizer a mim mesma que valho menos e que não mereço os mesmos direitos. Estaria a pisar a minha identidade, a desprezar-me a mim e àquilo que sou. E meus amigos... Não há prosperidade, TGV, contas públicas ou PME que valha isso. Jamais!

Seguem-se as posições dos vários partidos em relação ao casamento homossexual, retiradas do (excelente!) site www.bussolaeleitoral.pt.

“O casamento deve continuar a ser exclusivamente uma união entre pessoas de sexos diferentes.”

Opinião PS - Partido Socialista:

Discorda totalmente

Opinião PSD – Partido Social Democrata:

Concorda totalmente

Opinião BE – Bloco de Esquerda:

Discorda totalmente

Opinião CDS-PP – Centro Democrático Social-Partido Popular:

Concorda totalmente

Opinião CDU – Coligação Democrática Unitária:

Discorda totalmente

Citando os partidos:

PS - “A segunda prioridade na promoção da igualdade é o combate a todas as formas de discriminação e a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.” (PS, A Força da Mudança, 2009, p. 18 )


PSD - "Eu não sou suficientemente retrógada para ser contra as ligações homossexuais. Aceito. São opções de cada um, é um problema de liberdade individual, sobre a qual não me pronuncio. Pronuncio-me, sim, sobre o tentar atribuir o mesmo estatuto àquilo que é uma relação de duas pessoas do mesmo sexo igualmente ao estatuto de pessoas de sexo diferente. Admito que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual. A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família. Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer." (Manuela Ferreira Leite, Diário de Notícias, 2 de Julho de 2008, http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=994346)

BE - "No que toca à desigualdade com base na orientação sexual, o Bloco mantém o mesmo empenho com que defendeu a inclusão dos casais do mesmo sexo na Lei das Uniões de Facto ou a alteração do Artigo 13º da Constituição, em abos os casos com sucesso. Nesse sentido, o Bloco defende o reconhecimento legal das formas de união, casamento, conjungalidade e parentalidade. A actual legislação é manifestamente insuficiente, ineficaz e injusta. [...] "...o Bloco tem defendido e que se empenhará em defender: alargamento do casamento civil ao conjunto de todos os cidadãos e cidadãs", p. 103

CDS-PP - “[S]e os senhores querem legislar desta maneira tratem, primeiro, de alterar a Constituição, a tal Constituição de Abril que os senhores todos os dias defendem e que não é para quando dá jeito. É essa Constituição que proí­be o casamento entre pessoas do mesmo sexo.(...) [P]arece-me também muito evidente que o que aqui se pretende é óbvio: hoje, é o casamento, mas amanhã é a adopção. E quanto a isso nem sequer estamos dispostos para a discussão, sendo que isso mesmo foi indiciado há pouco, por uma das intervenções do proponente.” (Nuno Melo, Diário da Assembleia da República 12, 11 de Outubro de 2008, p. 25)

CDU - "A alteração no sentido de admitir a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo merece por isso o apoio do PCP e julgamos mesmo que corresponde a uma evolução registada na sociedade portuguesa no sentido da tolerância e do respeito pela orientação sexual de cada um." (João Oliveira, Diário da Assembleia da República, 12, 11 de Outubro de 2008, p. 23)

The Lesbionic Woman

domingo, 13 de setembro de 2009
0 Portas LEScancaradas


Este vídeo é só rir. Assenta um pouco no estereótipo, mas nõ deixa de ser engraçado =D Enjoy!

Avante, mas retrógrados

terça-feira, 8 de setembro de 2009
Portas LEScancaradas
A Festa do Avante é um evento que, independentemente das orientações políticas do pessoal, representa manifestamente um apelo à igualdade ou, como eu prefiro dizer, ao respeito pela diferença. Todos são, durante três dias, camaradas: desde o Jerónimo lá no palco, ao ricalhaço que veste o seu kit Avante e se torna comunista temporariamente, passando, é claro, pelo trabalhador precário que se acerca das bancas com o seu copo de cerveja, os seus colegas e amigos e um sorriso que guardou especialmente para a ocasião. Um sorriso real, sentido, mas que é antítese da sua vida, pois opõe-se drasticamente ao trabalho árduo e sofrido da sua existência. À falta de meios. Aos tostões contados. À crise. À exploração por parte de empregadores magnatas e oportunistas, cujo foco está somente no frio, gélido resultado da diferença entre receitas e despesas.

Não. Nesses três dias, não há pingo de suor que não traga atrelada a miragem da esperança. A esperança de que o poder não está nos números, mas nas pessoas e no seu bem-estar. Agita freneticamente a bandeira do partido que acredita dar-lhe não só políticas sociais mais justas e igualitárias como também respeito e uma voz com impacto. Ali, ele não é um mero cidadão de segunda, ou uma formiga sem importância que só causa chatices aos empresários capitalistas. Ali, é ouvido, sentido, compreendido enquanto Ser Humano. Já com a visão turva pelos copitos de cerveja, abraça os camaradas e ouve a Carvalhesa como se das palavras do Messias se tratasse. Um tenho valor! Não sou menos do que ninguém! Ninguém tem o direito de me menosprezar! rufa na sua cabeça ao ritmo dos tambores.

Acaba a Festa, continua o sonho. A luta e o suor podem esperar por um amanhã que chegará cedo demais. Até o sono o levar por vencido, toma como combustível a efémera certeza de ser Humano e marcha aos saltos até casa, saltando e berrando Avante, camaradas! Avante!
Pára à beira da estrada com os restantes colegas, com um tal ardor de igualdade que não conseguem não tirar as camisolas. Vê outros camaradas passar, sorri-lhes com confiança e alegria, dança como nunca pensou poder fazê-lo e usa os pulmões como que acabado de nascer: gritando o mais alto possível Avante! Por entre os camaradas que iam passando, vê do outro lado da estrada dois homens de mãos dadas, a ir colocar qualquer coisa no contentor do lixo. Com o mesmo entusiasmo, berra agora por entre risos e manguitos: Maricas!!! Olha os maricas!! Bicha bicha bicha bicha! Ahahah! Maricas!



...e eu vi e não fiz nada. Cobarde. Agora só penso: devia ter partido ao meio aquele verme que mal ler sabe. Avante, mas retrógrados. Todos nós.

GodAdoresYou

Portas LEScancaradas
O pessoal de uma igreja qualquer, assustado com a publicidade pro-homossexualidade que por aí anda, decidiu citar a Katy e colocar este belo dizer num cartaz:


Ao que alguém respondeu com engenho:

Aqui está alguém que não se cala.

Do Começo Ao Fim

sexta-feira, 4 de setembro de 2009
0 Portas LEScancaradas


Simplesmente porque acho que este filme promete!

Do Começo Ao Fim tratá sobre a relação homossexual e incestuosa entre dois meios irmãos durante a vida adulta...

...love comes in all figures, people!


(P.S.: Filme previsto estrear em Dezembro de 2009)

Strawberry Panic!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009
2 Portas LEScancaradas

Hoje o post é dedicado aos fãs de animé... bem na verdade hoje o post é dedicado às fãs de animé, em especial às fãs de yuri (=amor entre meninas), e para isso nada melhor que referir o animé Strawberry Panic!

Este animé é a história de um grupo de raparigas que andam em três diferentes escolas de raparigas mas que dividem a mesma zona e edificio para dormir.
O cenário é passado em Astraea Hill onde se situam as escolas Miator, Spica e Lilim. Cada uma destas escolas têm a sua própria associação de estudantes que periodicamente se encontram em reuniões juntamente com as Etoiles (=estrelas; um par de raparigas de uma das escolas escolhidas entre as três para representar as três escolas em eventos), para decidirem em conjuntos o melhor sistema a ser utilizado nas escolas para que todas trabalhem bem em conjunto. No monte existe uma zona para andar a cavalo, uma estufa privada que pertence às Etoiles, um lago, a biblioteca, as três escolas e a zona de dormitórios.

A história começa com uma aluna que é transferida para Miator e durante o desenrolar da história vão sendo apresentadas outras personagens tanto de Miator, como de Spica e de Lilim. Em cada escola existem quatro personagens principais mas para ser mais fácil vou dividir as personagens e histórias por escolas.

Miator -
A história começa logo com a transferência de Nagisa para Miator, escola conhecida por ser a escola das "noivas", treinando as alunas para serem donas de casa, e onde os uniformes são os mais escuros das três escolas.
A primeira pessoa que Nagisa conhece ao chegar a Astraea é Shizuma, uma personagem bastante misteriosa durante quase toda a saga. Mais tarde Nagisa descobre que Shizuma é a actual Etoile de Astraea, dando a Miator uma grande influência, mas uma pergunta fica na cabeça de Nagisa... onde está a outra Etoile?!... Esquecendo isto, Nagisa no mesmo dia conhece Tamao, a sua colega de quarto que rapidamente se torna melhor amiga e companheira de aventuras. Por fim está Chiyo, uma aluna tímida do primeiro ano, que fica responsavel por arrumar o quarto de Nagisa e Tamao.
O que torna Shizuma, Tamao e Chiyo personagens principais é o facto de as três estarem apaixonadas por Nagisa, que para tristeza de Tamao e Chiyo, desde o inicio demonstra uma grande vulnerabilidade para com Shizuma, por quem acaba por se apaixonar.

Spica -
Spica é conhecida por "criar" alunas com independência e bastante seguras de si mesmas. Os seus uniformes são todos brancos e dourados.
A história nesta escola começa com Hikari, uma aluna bastante timida que também terá três alunas apaixonadas por ela. Hikari divide o quarto com Yaya, uma aluna rebelde. Ambas fazem parte do coro de Spica, e Yaya têm uma paixão secreta por Hikari, querendo apenas o melhor para esta. A outra aluna interessada em Hikari é uma aluna do primeiro, no entanto bastante adulta para a sua idade chamada Tsubomi que facilmente mexe com os nervos de Yaya. Por fim existe Amane, uma rapariga mais velha e a "estrela" de Spica devido ao seu aspecto de principe e os prémios que ganha a andar de cavalo. Amane desde inicio sente algo de muito diferente vindo de Hikari e não esconde o seu interesse na rapariga, que por sua vez não esconde o seu por Amane.

Lilim -
Lilim é a mais nova das três escolas, os seus uniformes são em rosa e vermelho, e é conhecida pelas suas alunas descontraidas e bastante calmas, que raramente arranjam problemas ao contrário das alunas de Miator e Spica.
O unico romance desta escola já está criado e por isso as quatro personagens principais de Lilim são usualmente vistas juntas em ambientes descontraidos e situações engraçadas.
A primeira personagem é Chikaru, a presidente da associação de estudantes de Lilim. Chikaru é uma personagem bastante calma e sensivel, sempre pronta para dar um conselho. As restantes personagens são Remon e Kizuna, o casal de Lilim, duas raparigas bastante faladoras e divertidas que seguem todos os passos de Chikaru. E por fim está Kagome, uma rapariga muito calada que carrega constantemente o seu urso de peluche e fala com ele como se estivesse vivo. Kagome apesar de raramente se expressar é das personagens com mais persepção sobre o que as restantes personagens das três escolas estão realmente a sentir.

As histórias das três escolas desenrolam-se de um modo muito agradavel e juntam-se sem qualquer complicações tornando Strawberry Panic! um animé fácil de ver e compreender. Durante os 26 episódios não aparece um unico personagem masculino e contem leves cenas eróticas de muito bom gosto. Sendo um animé yuri, aconselho a história mais às meninas, embora qualquer rapaz possa ver e eventualmente gostar.
Strawberry Panic! demonstra também a grande amizade que as personagens vão criando entre si. E embora alguma rivalidade entre personagens secundários das mesmas escolas e escolas diferentes, as personagens principais abafam isso esquecendo as diferenças de uniformes e objectivos de escola.


Na imagem (esquerda para direita):
Fila do topo: Kagome, Remon, Chiyo e Chikaru
Fila do meio: Tamao, Nagisa, Shizuma e Tsubomi
Fila de baixo: Yaya, Kizuma, Hikari e Amane


(para os interessados o animé pode ser encontrado completo e com legendas -em brasileiro- para download no site Parada Lésbica... cujo link se encontra na lateral deste blog)

Histórias do armário

terça-feira, 1 de setembro de 2009
0 Portas LEScancaradas
Outro dia senti-me tão no armário que até cheirava a naftalina. Estava a ver na TV um jogo de futebol feminino, Alemanha vs. Islândia, com o meu irmão . Zoom numa senhora dona Islandesa de cabelo loiro esvoaçante, pele branquinha, suada e com um ruborzinho nas faces, pernas definidas e um pouco sujas da relva. Surgiu-me logo na cabeça um Wow! Oh meu deus! God! Woohooo! Vou pedir uma destas ao Pai Natal. Ao mesmo tempo que toda eu me babava por dentro, o meu irmão disse:
- Ficava com qualquer uma destas.
Eu (apanhada de surpresa) - Erm... É... (silêncio) Elas jogam bem!
Irmão - Não! Eu consumia qualquer uma delas! Eheheh.
Eu - Fogo! Só pensas nisso...

(armariozinho apertado, hein?)

Beijo Secreto

segunda-feira, 31 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas

Tanya Chalkin, Secret Kiss

Simplesmente, das melhores imagens que já encontrei para descrever o "amor lésbico".

Um amor que não está directamente à vista, mas que podemos ver e sentir se atentarmos ao seu reflexo num espelho, num pormenor. Não deixa de ser secreto, misterioso, de existir na penumbra. É um amor que se adivinha mais do que se vê.

O amor por uma igual que é, em parte, o nosso espelho. Que tem um doce, suave corpo de mulher, como nós.

A estrada em frente, distorcida pela névoa do vidro molhado - o caminho a seguir está lá, à nossa frente, mas torna-se incerto e pouco claro pelas contingências deste mundo. Pela chuva que vem do exterior.

El Niño Pez

sábado, 29 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas


Para as meninas (e meninos, vá) que estão mais interessados em um filme com uma boa história que em filmes com boas cenas de sexo aqui está El Niño Pez!
El Niño Pez é a história de Lala, uma adolescente que vive num bairro bem situado (isto significa que a familia dela tem dinheiro) em Buenos Aires, e que é apaixonada por Guayi, a empregada paraguaia de 20 anos da familia. Completamente apaixonadas as duas raparigas sonham em viver juntas para o Paraguai, juntando dinheiro de todos os modos possiveis. O problema são as situações submissas a que Guayi é submetida, situações que Lala não consegue evitar, e que termina numa reviravolta de situações complexas e dificieis para a fuga das duas raparigas.
O filme é da realizadora Lucía Puenzo (realizadora de XXY) e as actrizes principais são Inés Efron (Lala, e também Alex, a hermofrodita de XXY) e Mariela Vitale (Guayi). O filme chama à atenção não só pela história dramática mas pela sua luz e fotografia, bastante bem concebidas. Pelos cenários e pelas personagens bastante reais. E, pelo menos para mim, pela falta de cenas de sexo ou amor entre as duas raparigas que apenas demonstram a sua paixão através de beijos, carinhos e a dedicação das duas em fugirem para ficarem juntas. Por fim podemos também contemplar a boa representação de Inés e de, principalmente, Mariela, que neste filme representa o seu primeiro papel de cinema, dominando todas as cenas.
Deixo o trailer para dar uma ideiazinha do que pode ser o filme e espero que o vejam.

I didn't just kiss her

terça-feira, 25 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Encontrei por aí esta música, da americana Jen Foster, que é uma resposta ao hit da Katy Perry "I kissed a girl". Na canção de Katy, o beijar uma rapariga é visto como uma brincadeira, algo divertido e que sabe bem, mas nada mais do que isso. Pela forma de descrever a experiência, dá para perceber que o namorado e a heterossexualidade da personagem de "I kissed a girl" não são postos em causa. Beijar uma rapariga é apenas mais uma diversão para fazer num Sábado à noite, com umas bebidas no sistema.

Esta música, por outro lado, foi escrita por uma verdadeira lésbica, pelo que mostra uma perspectiva diferente dos envolvimentos entre duas mulheres. E que perspectiva! Aqui, há a diversão e a sensualidade de estar com uma mulher, mas não só. Está descrito todo um leque de consequências totalmente ausentes da "I kissed a girl". De qualquer forma, se virmos esta música como resposta à da Katy, não deixa de ter algum conteúdo e de fazer pensar um bocado.




I didn't just kiss her
We went all the way and I liked it
What's the point in trying to hide it?
You never know 'til you've tried it

I didn't just kiss her
She put it on my tongue and I licked it
I think she wishes she could forget it
But she sure seemed to love every minute

I don't know what the problem is
Why she gotta try so hard to keep it all a secret, yeah? A secret, yeah...

I didn't just kiss her
We went all the way and she liked it
She likes to think she didn't invite it
But these scratches aren't because she to fight it

Oh, I didn't just kiss her
She whispered what she wanted to put in me
Swore that she'd respect me in the morning
But when the sun came up she left without a warning

I don't know what the problem is
Why she gotta try so hard to keep it all a secret yeah? A secret yeah....

She's saying she only kissed me for the boy's attention
She's trying to blame it on a little too much booze
But I can testify she knew what she was doing
It was almost like she's done it all before
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh

She's gonna go back to her boyfriend now
Before the questions come up
She's gonna tell 'em I'm stalking her round the clock
Like I'm making the story up

Yeah...

Bitch...

She's sayin she only kissed me for the boy's attention
She's tryin' to blame it on a little too much booze
But I can testify she knew what she was doin'
It was almost like she's done it all before

I didn't just kiss her...
No, I didn't just kiss her...
I didn't just kiss her...
And I sure do miss her..
Cause I didn't just kiss her...
Oh-whoa
Oh-whoa
Oh-whoa-I
Oh-whoa-I
I-I-oh-whoa

Saídas do Armário

domingo, 23 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Confrontada com as dúvidas, problemas e medos relativos à minha saída do armário para a minha mãe, tenho dado por mim a pensar na melhor abordagem e no conteúdo a focar nessa conversa fatal. O meu guião para este filme que se avizinha é algo deste género:

- Chegar à cozinha e pedir-lhe para falarmos na sala. Insistir que o jantar pode esperar. Em caso de urgência, prometer fazer o jantar.
- Fazê-la sentar-se. Se necessário, usar como isco uma revista de Sudokus estrategicamente colocada em cima do sofá.

- Fazê-la largar o Sudoku.

- Fazer uma introdução - dizer-lhe que de certeza que não lhe passou despercebido, ao longo dos anos, o facto de eu não me interessar especialmente em ter namorados.
- Sublinhar que isso tem uma explicação, e que não é eu ser atadinha ou tímida.
- Alertar que ela pode pensar que não me conhece, mas que nada muda com o que estou prestes a dizer-lhe. Continuo a mesma pessoa.
- Dar uma de sentimental e dizer que gosto demasiado dela para continuar a esconder-lhe uma parte tão importante da minha vida.
- Soltar a bomba: mãe, eu gosto é de raparigas.
- Depois dos gritos, choro, recriminações, insultos, e eventuais desmaios e copos de água, aguardar a hipótese para dizer as coisas que se seguem.

- Mãe, nunca me vi com homens. Só me vejo a partilhar a minha vida com uma mulher.
- Não é uma fase. Já o sei há algum tem
po e faz todo o sentido.
- Ninguém me influenciou ou seduziu. É algo que está em mim.
- A homossexualidade não é uma escolha e não posso mudar o que sinto e sou, apenas o meu comportamento face a isso.

- Não vou mudar o meu comportamento, mesmo podendo, porque é ir contra mim mesma.
- Aceita que eu sou homossexual. Se ficar com um homem não vou ser heterossexual. Vou ser homossexual e infeliz.
- Responder a eventuais perguntas, lidar com os choros e insultos.
- Dar-lhe um livro sobre homossexualidade.

- Sair de casa.

- Esperar umas horas até voltar. Ela vai precisar de tempo.

- Voltar e esperar que ela me aborde. Se não abordar, ser indiferente. Todos têm direito à negação.

(ufff...! Sujeita a alterações, com bastante a acrescentar!)

Teria sido tão, mas tão mais fácil tê-la feito deparar-se, há uns aninhos, com algo assim:

E viva a simplicidade!

Pistas de homossexualidade na literatura

quinta-feira, 20 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas
I

Contextualização: Conversa entre Luísa e Leopoldina, duas mulheres casadas do século XIX, sendo a última uma apreciadora da boa vida, com bastantes amantes.

- Lembras-te quando estivemos de mal?
Luísa não se lembrava.
- Por tu teres dado um beijo na Teresa, que era o meu "sentimento" - disse Leopoldina.
Puseram-se a falar de "sentimentos". Leopoldina tivera quatro; a mais bonita era a Joaninha, a Freitas. Que olhos! E que bem feita! Tinha-lhe feito a corte um mês!...
- Tolices! - disse Luísa corando um pouco.
- Tolices! Porquê?
Ai!, era sempre com saudade que falava dos "sentimentos". Tinham sido as primeiras sensações, as mais intensas. Que agonia de ciúmes! Que delírio de reconciliações! E os beijos furtados! E os olhares! E os bilhetinhos, e todas as palpitações do coração, as primeiras da vida!
- Nunca - exclamou -, nunca, depois de mulher, senti por um homem o que senti pela Joaninha!... Pois podes crer...



Eça de Queiroz, O Primo Basílio, 1878


II
(desculpem lá o inglês, mas é a versão que tenho)

It was a brief but violent passion. A month later they went to Cauterets, and Celia fell in love with Janet Patterson instead.

(...)

Also, so she
[a mãe] confided some years later to Celia, she had been afraid of her friendship for Bessie West.
"I've seen so many girls get interested in another girl and refuse to go out or take any interest in men. It's unnatural - and not right."


Mary Westmacott (também conhecida por Agatha Christie), Unfinished Portrait, 1934



Pois é, o grande retratista social do século XIX, o imortal Eça, falou com toda a naturalidade dos "sentimentos" que as jovens da época tinham umas pelas outras. e da forma como chegavam mesmo a "fazer a corte" umas às outras. Pareceu-me, pela minha interpretação do excerto, ser não só prática comum como também algo aceite como normal na altura, embora somente enquanto fase, enquanto primeira exploração. Obviamente, mulheres e homens tinham imperativamente de casar e constituir família, o que significava levar uma vida heterossexual. Isto não invalida, no entanto, que os seus sentimentos mais intensos tivessem tido como alvo uma pessoa do mesmo sexo, como é o caso da Leopoldina que, não obstante as suas mil e uma paixões e relações com homens, continua a considerar que foi uma mulher "a tal". De ressalvar, porém, que havia uma grande segregação por género no século XIX, pelo que as raparigas adolescentes só conviviam praticamente com outras raparigas, e os rapazes adolescentes com outros rapazes. Posto isto, mesmo que um dado jovem adolescente não tivesse tendências homossexuais, parece-me natural que explorasse a sua sexualidade com quem estava mais à mão: adolescentes do mesmo sexo.

Já no século XX e na convencional Inglaterra, a dama do crime Agatha Christie referiu de passagem os "sentimentos" de uma jovem menina por outra rapariga, sendo bastante mais explícita uns capítulos mais à frente, quando a mãe retira a Celia da "escola" onde estava por ter medo que esta se interesse pela amiga. Mais uma vez, e aqui bem mais vincadamente, a autora passou a ideia de que isto acontecia com frequência. Nesta passagem, o facto de uma mulher se interessar por outra mulher e não por homens é descrito como não natural e errado. Nada surpreendente, tendo em conta que este livro é de 1934. Se houvesse aqui uma apreciação positiva da homossexualidade, a controvérsia teria sido gigante. Assim, passou a mensagem de que a homossexualidade existe e é frequente, sem incendiar os ânimos da sociedade.

Outro livro que tem, todo ele, um toque de lesbianismo implícito e explícito é Netochka, do Dostoievski. Não coloquei aqui nenhuma citação, pois teria de ser o livro quase todo. Leiam, que é excelente.

Só para terminar: encontrei estes excertos porque li os livros em causa, não por ter feito pesquisa. E nestes livros é a homossexualidade feminina que é descrita com naturalidade, não a masculina. Ponho as mãos no fogo em como há muito menos referências por aí aos "sentimentos" dos homens do que aos das mulheres, não por ser menos comum, mas simplesmente porque práticas amorosas e sexuais entre homens representavam (e infelizmente ainda representam) um atentado à masculinidade do homem. Nas mulheres, não era grave desde que fosse uma fase, uma brincadeira, uma exploração - e não é isso que ainda consideram as nossas relações hoje em dia?. Nos homens, nem isso.


Leisha Hailey, uma senhora completa!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas


Já que estamos numa de L Word, aqui fica um vídeo da antiga banda da Leisha Hailey, muito antes de ter feito o papel de Alice. Como actriz, como cantora... como, sim senhora!
Uma pequena nota para os mais desinformados nesta matéria, esta banda chamava-se "The Murmurs" e a banda actual dela são as "Uh Huh Her"!

Leisha-me aqui!!! =D

Educação Sexual nas Escolas (2) L Word Style!

domingo, 16 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas


A mesma ignorância geral, apesar de numa sociedade bastante mais aberta às diferenças.

Educação Sexual nas Escolas

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Ora, parece que finalmente se decidiu implementar a educação sexual nas escolas portuguesas. Aplaudo hoje esta decisão, provavelmente acompanhada por muitos outros pares de mãos; assim como aplaudia os que defendiam a educação sexual há 10 anos. Acho que aí, até fazia eco de tão pouca gente a formar o coro de aplausos. Isto anima-me, pois muitos dos que diziam há 10 anos que a educação sexual iria corromper os miúdos estão hoje tão satisfeitos como eu com esta lei. Afinal, uma pessoa pode mudar de mentalidade, não é necessário mudarem as pessoas para se fazer essa reciclagem.

Agora, atentando às finalidades da Educação Sexual, existem dois tópicos que se relacionam connosco:

Artigo 2.º
Finalidades
Constituem finalidades da educação sexual:
a) A valorização da sexualidade e afectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das concepções existentes na sociedade portuguesa;
b) O desenvolvimento de competências nos jovens que permitam escolhas informadas e seguras no campo da sexualidade;
c) A melhoria dos relacionamentos afectivo-sexuais dos jovens;
d) A redução de consequências negativas dos comportamentos sexuais de risco, tais como a gravidez não desejada e as infecções sexualmente transmissíveis;
e) A capacidade de protecção face a todas as formas de exploração e de abuso sexuais;
f) O respeito pela diferença entre as pessoas e pelas diferentes orientações sexuais;
g) A valorização de uma sexualidade responsável e informada;
h) A promoção da igualdade entre os sexos;
i) O reconhecimento da importância de participação no processo educativo de encarregados de educação, alunos, professores e técnicos de saúde;
j) A compreensão científica do funcionamento dos mecanismos biológicos reprodutivos;
l) A eliminação de comportamentos baseados na discriminação sexual ou na violência em função do sexo ou orientação sexual.


Sim, acho óptimo e estou contente com isto. Mas não satisfeita. De modo algum satisfeita. E vou tentar explicar o porquê: considero que ensinar nestes moldes aos mais jovens algo que não é praticado na sociedade é , regra geral, pouco consequente.

Não acredito que a temática homossexualidade vá ser devidamente aprofundada, na medida em que o pessoal está mais preocupado com as DSTs e com as taxas de gravidez adolescente do que com "os sentimentos de uma minoria" (afinal, a temática homossexual continua a ser pouco prioritária, um embuste para as pessoas não se focarem no que realmente importa). Depois, quem vai abordar esta temática? Quem vai explicar aos miúdos o que é ser e estar na pele de um homossexual? Um professor antiquado de 50 anos, sem um único conhecido (assumidamente) gay? Ademais, todos sabemos que ainda não somos totalmente aceites pela maioria das pessoas, e que dentro do vasto grupo daqueles que não nos aceitam, há indivíduos com fortes, violentos sentimentos contra nós. Então, meus caros, como podemos assegurar que as pessoas que vão transmitir isto às crianças vão sequer ser a favor da igualdade entre homossexuais e heterossexuais?

Creio que, na melhor das hipóteses, estes miúdos vão ouvir em duas ou três aulas "há pessoas que gostam de pessoas do mesmo sexo e isso é normal", com o professor a passar seguidamente à frente, por não achar relevante, por não concordar com o que o programa lhe diz para ensinar ou, simplesmente, por não saber como explicar. O que vai ficar destas aulas? E digo mais, o que vai ficar quando os miúdos ligarem a TV, falarem com os pais, família, grupo de amigos e virem exactamente o contrário? Que as pessoas GLBT não são tidas como normais. Que não podem casar, que não podem adoptar, que não podem sequer dar sangue ou ir para a tropa. Que fora as organizações GLBT, temos muito pouco apoio e protecção contra a violência a que estamos sujeitos... Pergunto de novo, o que vai ficar? O que vai mudar?

Em suma, e focando-me no que a Educação Sexual nos pode trazer nesta luta, acho que até pode ser positiva dependendo de como, com que profundidade e por quem a informação será passada. Mas não basta. Queremos mais, muito mais. Queremos mudanças nas mentalidades das pessoas, não uma reciclagem com efeitos diminutos.

Eu sou hetero, mas comia-a...

terça-feira, 11 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
... a ela e à amiga.

Será moda? Será natural curiosidade? Será bom? Será mau? Será um avião? (lol ok, esta parte foi parva). Sempre preferi pensar que são simplesmente pessoas a explorar a sua sexualidade, com abertura suficiente para o fazer com pessoas de ambos os sexos. Pensava também que isto era bom, óptimo até, para pessoas de todas as sexualidades, na medida em que retira um pouco a pressão dos rótulos sobre as pessoas e as suas escolhas de parceiros.

Mas, minhas caras, atentem bem ao título - não deixa de estar bem patente o "eu sou hetero", de modo que o rótulo continua lá. Parece que há a necessidade de um refúgio na protectora muralha da heterossexualidade, ao admitir algo que possa ser desviante. É mais ou menos o mesmo de eu entrar num bar cheio de benfiquistas ferrenhos e dizer "o Vítor Baía é o meu herói, mas atenção!, eu sou benfiquista fanática!!!" Fugi da toca ao admitir algo diferente, pouco usual tendo em conta a minha orientação (clubística, neste caso) mas logo tive de afirmar a minha "pureza" ao clamar ser benfiquista. Uff, já mostrei estar acima de qualquer crítica em relação àquilo que sou. Que bom!, a minha posição na sociedade está protegida.

E por isto, ou talvez por trauma da minha própria experiência, hoje torço um bocado o nariz a este género de conduta. Estou a referir-me às mil e uma "eu sou hetero, mas comia-a" e "eu sou bi, mas só ando com homens", que povoam os nossos cafés, ruas, faculdades, empregos. Há uma distinção bem marcada entre o que, para essas mulheres, é possível alcançar com um homem e com outra mulher. Independentemente do prazer que podem ter numa relação com outra mulher, são demasiado cobardes para abdicar do seu pedestal de "hetero", protegido pela sociedade; da sua posição de "filhas/irmãs/sobrinhas exemplares", que seria deitada por terra; e do sonho da família perfeita, tradicional e feliz que alimentaram desde bebés. Ao dizer-se capazes de "ter qualquer coisa" com uma mulher, mas delimitando esse "qualquer coisa" a algo pouco sério, momentâneo, sem perspectivas de futuro ou escondido a sete chaves, estão a desvalorizar-nos (a nós, mulheres; a nós, lésbicas) infinitas vezes mais do que se dissessem "epa, olha, mulheres não me atraem". Estão a usufruir da magia especial que é ter algo com uma mulher, porque sim, é mágico e especial, (heteros e homens, desculpem esta parte!) sem dar nada em troca, sem pôr a cabeça na guilhotina como nós temos feito para defender aquilo que somos e aquilo que sentimos. Nas entrelinhas estão a escrever "isso não pode ser a sério. Não para mim, que estou acima dos desvios e só mereço o melhor. O melhor não podem ser vocês."

Para terminar, há um verso de uma música da Jessica Harp que, apesar de originalmente não ter nada a ver com a homossexualidade, me parece apropriado:

"(S)he's your straight face, I'm your make you laugh and cry to dance and to lie"

Ícones Lésbicos - Xena

segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Anos 90. Série de sucesso internacional. Xena, a princesa guerreira. Homossexual. Assentava tudo no subtexto, nos pequenos detalhes. Pouco perceptível para o público conservador, demasiado óbvio para a enclausurada comunidade lésbica que se revia na personagem interpretada por Lucy Lawless e nela procurava a força necessária para a sua afirmação sexual. Xena era forte, dura, inteligente, sexual. Vemo-la, ao longo da série, envolvida sexualmente com homens, mas o seu afecto mais terno está destinado a apenas uma pessoa, a sua companheira Gabrielle. Esta era provavelmente a situação das lésbicas no armário dos anos 90, assim como a de muitas hoje em dia.

Numa época em que os tabus sexuais, em especial o relativo à homossexualidade, estavam ainda bastante marcados, esta série abriu muitas portas. Deixo-vos um vídeo no qual a produtora da série e Renée O'Connor (Gabrielle) dizem expressamente que a partir de uma dada altura o seu público alvo passou a ser a comunidade lésbica. Isto demonstra bem o poder, neste caso consumista e capitalista, é certo, que a comunidade homossexual tem.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas

"Twilight stars Kristen Stewart (Bella Swan) and Nikki Reed (Rosalie Cullen) seem to have become more than BFF and have been seen together holding hands and kissing fueling the lesbian romance rumors."

Ora, alguém pediu, o Gaynio cumpriu. Les-make-it-straight: a colocar foufas no seu sapatão desde 2009! Bem-vinda ao Sindicato, irmã!

E um especial obrigado à "PassaIrina Sapata" pela excelente informação.

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domingo, 2 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas
Porque uma imagem pode valer mil argumentos:




E porque um trocadilho bem conseguido é mais fácil de decorar do que um artigo de opinião:

Já fora de horas

sexta-feira, 31 de julho de 2009
Portas LEScancaradas
Parabéns, (Sa)Patrícia!! Para que te lembres que não és a única lésbica monhé neste mundo ^^

(vejam, vale a pena!)

Ser diferente

quinta-feira, 30 de julho de 2009
Portas LEScancaradas
Assim como muitas outras pessoas GLBT, também me lembro de me sentir diferente antes de descobrir. Não estou a falar de ser considerada maria-rapaz, ou confundida com um rapaz quando na casa-de-banho das meninas (se bem que também me aconteceu bastantes vezes), mas de algo um bocado mais profundo.

Quando, na primária, via as minhas colegas a delirar com rapazes, encolhia os ombros sem perceber muito bem e dizia para comigo “elas são parvas. Ainda somos tão novas para isto”. Podem crer que a minha mãe adorava que eu lhe dissesse isto (hoje era capaz de chorar). Adiante: passou a primária e veio a adolescência com suas hormonas, caindo por terra a desculpa do “sou muito nova”. As minhas amigas começavam agora a correr freneticamente atrás de todos os meninos que se dignassem a levantar os olhos da bola de futebol. Eu preferia em larga escala jogar com eles. A minha teoria teve de mudar, tornando-se num realista “eu não sou demasiado nova, mas eles sim. Os rapazes da minha idade são ainda demasiado crianças”.

Nos anos seguintes, o meu desinteresse perdurou e dei voltas à cabeça para perceber o porquê. As minhas justificações foram várias, desde o “se calhar só me interesso se um se fizer a mim. Como sou feia e nenhum se interessa, também não procuro” ao “devo ser assexuada”, passando pelo “aqui os rapazes são parvos, feios e cheiram mal. Não são rapazes a sério; os rapazes a sério devem estar noutro sítio e por esses sim vou sentir interesse”. Yup, minhas caras, pensei bastante no porquê de ser diferente, sem descortinar a resposta.

Nesse tempo todo, não me cabia na cabeça que pudesse gostar de raparigas, apesar de todos os indícios. Entre eles: os meus primeiros beijos (e não foram poucos) foram dados a uma rapariga antes sequer de ter entrado para a primária (para isso já não era muito nova!); nunca procurei ter amigos rapazes; tive algumas fixações muito intensas em amigas (hei-de desenvolver uma em especial); olhava com uma gigante admiração algumas mulheres, mas nunca o fiz com homens... Mas não, juntar as peças de uma maneira que contrariasse o que me tinha sido ensinado revelou-se muito mais difícil do que magicar teorias improváveis e desprovidas de sentido.

Entretanto lá voava a adolescência, aquele período belo e confuso onde são intensos os ardores e amores, as primeiras intimidades, as mais marcantes experiências...e eu parada, fechada num quarto a perguntar-me porque é que, apesar de querer viver isso como os meus amigos, não havia um único rapaz em quem pensar dessa forma não me desse uma certa náusea? Mortifiquei-me e odiei-me por ser diferente. Seria eu uma anormal? Confesso-vos que isto me moldou e que ainda hoje que me entristece pensar que não vivi nem explorei na altura em que deveria. Talvez por isso, ainda hoje sou diferente. Talvez por isso, sempre que vejo uma pessoa GLBT, sinto em mim o terno afago da esperança "serás também diferente?" Porque, bem cá no fundo, só quero ser igual.

Se eu ganhasse o Euromilhões...

quarta-feira, 29 de julho de 2009
0 Portas LEScancaradas
Doaria uma grande parte à ciência. Não feches já a janela, que eu estou a falar muito a sério! Os milhões de Euros teriam destinatários específicos: a equipa de Karim Nayernia, da Universidade de Newcastle, e outras equipas, espalhadas pelo globo, empenhadas no mesmo fim. Mas o que estarão estas pessoas a fazer de tal modo importante que me levaria a abdicar de comprar a minha ilha privada para lhes dar uma maozinha? Simples – estão a pesquisar no sentido de criar gâmetas (óvulos, espermatozóides) a partir de células indiferenciadas do corpo. Tal terá como principais beneficiários dois grupos de pessoas – os casais inférteis e (sim, acredita nisto!) os casais homossexuais. Fiz a minha pesquisa e, pelo que li, ainda há um grande caminho a percorrer (e algumas dúvidas, às quais já me vou referir), mas se a meta final deste trabalho for atingida e levada ao passo seguinte, será um dia possível criar em laboratório um óvulo com o material genético de um homem, ou um espermatozóide com o material genético de uma mulher. Isto, por sua vez, significa que poderão ser concepcionados bebés com dois pais biológicos ou duas mães biológicas. Já imaginaste? Depois de descobrires que és homossexual e, como tal, dificilmente alguma vez terás um filho biológico teu e da pessoa que amas, abre-se este caminho, esta possibilidade que, mesmo estando longe de ser uma certeza, pode dar-nos tanto.

Ora, em relação às dúvidas e problemas. A equipa de Karim Nayernia já conseguiu criar células “tipo-espermatozóides” a partir de células femininas sendo que, porém, estas células não estavam maduras (funcionais, prontas para a reprodução). Nayernia argumenta que não será possível criar espermatozóides viáveis, pois o cromossoma Y é essencial para a meiose da célula (basicamente, para a célula ficar com a quantidade de material genético necessária para a reprodução). Cá por mim, eu não desanimo com esta afirmação. Em primeiro lugar, porque apesar dos meus parcos conhecimentos de Biologia, não vejo porque uma célula XX não há-de fazer a meiose, já que o óvulo também a faz (não, não vou desenvolver mais esta parte, até porque creio que nem eu me perceberia bem a mim mesma). Em segundo lugar, não tenho a certeza se o Dr. Nayernia não terá proferido tal afirmação para acalmar os ânimos.

Passo a explicar: estas investigações estão a causar algum constrangimento, em especial por entre os homens, dado que se perspectiva uma revolução na reprodução humana e um mundo em que eles não são necessários para a mesma. De referir que, num futuro próximo, a mulher será sempre necessária para incubar o feto, mesmo que este seja filho de dois homens, mas se se criar uma incubadora que simule na perfeição todas as condições do útero, a mulher será igualmente “dispensável” da reprodução. Claro que isto é uma outra história que, a desenvolver, ainda demorará bastante e, por esta razão e também pelo grande ego masculino, os homens são aqueles que para já se sentem mais ameaçados.

Há cépticos e cépticas, sim, quer dentro do mundo das ciências quer fora dele. Li um artigo de opinião (acho que foi no Daily Mail) escrito por uma gaja homofóbica e totalmente “eu-quero-homens-para-ser-dona-de-casa” que me meteu algum nojo, a dizer “tal nunca será possível; nós precisamos do toque masculino; as sociedades matriarcais não são nada agradáveis...etc, etc, etc.” O que quer isto dizer? Que há gente a par destas pesquisas que receia que as mulheres, ao não precisar dos homens para procriar, abdiquem deles e seja a perdição dos XY. Pessoalmente, creio que isto não faz sentido nenhum, entre outras razões porque isso significaria que as mulheres, por deixarem de considerar os homens indispensáveis para a reprodução, tornar-se-iam todas lésbicas. A sério, é isto que está subentendido. Reparem – não estamos a falar de clonagem, por isso a mulher nunca se ia “reproduzir” com ela mesma. Se não se reproduz com ela mesma, só nos restam duas hipóteses, ou o faz com um homem, ou com uma mulher. Assumir que todas as mulheres iam escolher parceiras simplesmente por ser possível ter um filho com elas é, no mínimo, estranho quando vindo de uma mulher heterossexual e uma grande demonstração de medo e insegurança quando vinda de um homem.

É preciso ter calma e, antes de nos pormos com visões apocalípticas de como o mundo vai desabar, temos de ser coerentes e pensar de que forma é que estes desenvolvimentos, se bem utilizados, podem trazer uma alegria infindável àqueles que, independentemente do porquê, não conseguem hoje ter um filho com a pessoa que amam. Pessoalmente, estou a torcer com todas as forças não só para que estas pesquisas avancem e cheguem a bom porto como também para que a sociedade e as mentalidades evoluam um bocado entretanto, de modo a que possamos realmente usufruir dos seus resultados. Sabê-lo possível, mas impraticável por impedimentos de comissões éticas dirigidas por velhos do restelo seria morrer na praia.
Peço-vos desculpa pela longa seca, mas quis falar sobre este tema o quanto antes. Para que saibam. Para que pensem nisto e formem a vossa opinião. Para que espalhem, para que todos saibamos que pode vir a ser possível. Eu acredito. Boa noite.


FONTES (desculpem, faltam muitas):

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2300173-EI296,00-Butantan+tenta+criar+ovulo+a+partir+de+espermatozoide.html

http://ainserida.blogspot.com/2009/04/ovulo-dele-e-espermatozoide-dela.html

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1078497-5603,00-CIENCIA+COMECA+A+ABRIR+CAMINHO+PARA+FILHOS+BIOLOGICOS+DE+CASAIS+GAYS.html

http://www.telegraph.co.uk/science/science-news/3323846/Sperm-cells-created-from-female-embryo.html

http://blogs.timesofindia.com/erratica/entry/turn-of-the-screw

Celebridades - quem querias que fosse?

segunda-feira, 27 de julho de 2009
Portas LEScancaradas
Vamos sonhar um bocadinho: imagina que foste passear o cão no deserto (porque aí se torna fácil tapar o cocó com a areia =D) e encontraste a lâmpada do Gayladino. Esfregas, esfregas um bocadinho mais e o Gaynio aparece e diz que pode tornar homo/bi uma celebridade à tua escolha. Quem seria a tua vítima?

Aqui vai a menina que eu virava num ápice:

*Lene Marlin*




Outras vítimas já mencionadas:

*Eva Green*


*Kristen Stewart*

Sondagem - Orientação Sexual

sábado, 25 de julho de 2009
Portas LEScancaradas
Perguntava-me uma amiga outro dia "mas, afinal, que público visas atingir?". Isto com o pressuposto que escrever para pessoas heterossexuais será diferente de escrever para pessoas homossexuais. Até certo ponto, é verdade, pois muitas pessoas heterossexuais têm um contacto ínfimo com a homossexualidade, e somente através dos mitos, rumores, informações que lhes chegam. Alguns estarão próximos da realidade, outros não tanto, e gostaria de contribuir para que essas pessoas tivessem uma ideia mais acertada do que é a homossexualidade, quem são os homossexuais, o que pensam e como vivem (aqui há tantas respostas como há pessoas, mas há quem não saiba disto), com o que é que têm de lidar, etc...

No entanto, não pensei que fosse assim tão diferente escrever para um heterossexual relativamente informado em relação ao que escreveria para um homossexual, mas já me mostraram que é fácil um heterossexual sentir que "não pertence" quando se adopta um discurso mais fechado e mais extremo neste aspecto. Até um informado. Sou uma gaja um pouco orgulhosa, e a minha vontade é dizer "não sentimos nós que não pertencemos quando levamos constantemente com as tretas boy + girl = happy family???". Sei, porém, que não é assim que vou abrir os olhos a ninguém. Vou apenas criar um fosso maior, uma incompreensão mais marcada de parte a parte, e não é isso que queremos.

Esta sondagem (topo do blog!!) serve um bocado como levantamento de dados em relação à orientação do pessoal que lê isto (ainda somos pouquinhos, mas isto há-de levantar *cof*). A sexualidade não é algo taxativo nem imutável e um breve rótulo é muitas vezes insuficiente para definir o que cada pessoa prefere para a sua intimidade. Daí este post, onde os votantes podem comentar o porquê de acima terem colocado um certo "rótulo" e, já agora, como acham que este blog (outro blog, um site, uma revista, etc...) deve ter em conta as diferentes orientações sexuais na sua abordagem. E não me refiro apenas aos heterossexuais. Por exemplo, se eu me considerasse "indefinida" na minha sexualidade, será que me sentiria pouco identificada com um discurso que subentendesse "Homo, Hetero ou Bi - rótulo em tudo"? Talvez sentisse.

Quero saber o que pensam e, por isso, COMENTEM =)