Beijo Secreto

segunda-feira, 31 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas

Tanya Chalkin, Secret Kiss

Simplesmente, das melhores imagens que já encontrei para descrever o "amor lésbico".

Um amor que não está directamente à vista, mas que podemos ver e sentir se atentarmos ao seu reflexo num espelho, num pormenor. Não deixa de ser secreto, misterioso, de existir na penumbra. É um amor que se adivinha mais do que se vê.

O amor por uma igual que é, em parte, o nosso espelho. Que tem um doce, suave corpo de mulher, como nós.

A estrada em frente, distorcida pela névoa do vidro molhado - o caminho a seguir está lá, à nossa frente, mas torna-se incerto e pouco claro pelas contingências deste mundo. Pela chuva que vem do exterior.

El Niño Pez

sábado, 29 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas


Para as meninas (e meninos, vá) que estão mais interessados em um filme com uma boa história que em filmes com boas cenas de sexo aqui está El Niño Pez!
El Niño Pez é a história de Lala, uma adolescente que vive num bairro bem situado (isto significa que a familia dela tem dinheiro) em Buenos Aires, e que é apaixonada por Guayi, a empregada paraguaia de 20 anos da familia. Completamente apaixonadas as duas raparigas sonham em viver juntas para o Paraguai, juntando dinheiro de todos os modos possiveis. O problema são as situações submissas a que Guayi é submetida, situações que Lala não consegue evitar, e que termina numa reviravolta de situações complexas e dificieis para a fuga das duas raparigas.
O filme é da realizadora Lucía Puenzo (realizadora de XXY) e as actrizes principais são Inés Efron (Lala, e também Alex, a hermofrodita de XXY) e Mariela Vitale (Guayi). O filme chama à atenção não só pela história dramática mas pela sua luz e fotografia, bastante bem concebidas. Pelos cenários e pelas personagens bastante reais. E, pelo menos para mim, pela falta de cenas de sexo ou amor entre as duas raparigas que apenas demonstram a sua paixão através de beijos, carinhos e a dedicação das duas em fugirem para ficarem juntas. Por fim podemos também contemplar a boa representação de Inés e de, principalmente, Mariela, que neste filme representa o seu primeiro papel de cinema, dominando todas as cenas.
Deixo o trailer para dar uma ideiazinha do que pode ser o filme e espero que o vejam.

I didn't just kiss her

terça-feira, 25 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Encontrei por aí esta música, da americana Jen Foster, que é uma resposta ao hit da Katy Perry "I kissed a girl". Na canção de Katy, o beijar uma rapariga é visto como uma brincadeira, algo divertido e que sabe bem, mas nada mais do que isso. Pela forma de descrever a experiência, dá para perceber que o namorado e a heterossexualidade da personagem de "I kissed a girl" não são postos em causa. Beijar uma rapariga é apenas mais uma diversão para fazer num Sábado à noite, com umas bebidas no sistema.

Esta música, por outro lado, foi escrita por uma verdadeira lésbica, pelo que mostra uma perspectiva diferente dos envolvimentos entre duas mulheres. E que perspectiva! Aqui, há a diversão e a sensualidade de estar com uma mulher, mas não só. Está descrito todo um leque de consequências totalmente ausentes da "I kissed a girl". De qualquer forma, se virmos esta música como resposta à da Katy, não deixa de ter algum conteúdo e de fazer pensar um bocado.




I didn't just kiss her
We went all the way and I liked it
What's the point in trying to hide it?
You never know 'til you've tried it

I didn't just kiss her
She put it on my tongue and I licked it
I think she wishes she could forget it
But she sure seemed to love every minute

I don't know what the problem is
Why she gotta try so hard to keep it all a secret, yeah? A secret, yeah...

I didn't just kiss her
We went all the way and she liked it
She likes to think she didn't invite it
But these scratches aren't because she to fight it

Oh, I didn't just kiss her
She whispered what she wanted to put in me
Swore that she'd respect me in the morning
But when the sun came up she left without a warning

I don't know what the problem is
Why she gotta try so hard to keep it all a secret yeah? A secret yeah....

She's saying she only kissed me for the boy's attention
She's trying to blame it on a little too much booze
But I can testify she knew what she was doing
It was almost like she's done it all before
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh

She's gonna go back to her boyfriend now
Before the questions come up
She's gonna tell 'em I'm stalking her round the clock
Like I'm making the story up

Yeah...

Bitch...

She's sayin she only kissed me for the boy's attention
She's tryin' to blame it on a little too much booze
But I can testify she knew what she was doin'
It was almost like she's done it all before

I didn't just kiss her...
No, I didn't just kiss her...
I didn't just kiss her...
And I sure do miss her..
Cause I didn't just kiss her...
Oh-whoa
Oh-whoa
Oh-whoa-I
Oh-whoa-I
I-I-oh-whoa

Saídas do Armário

domingo, 23 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Confrontada com as dúvidas, problemas e medos relativos à minha saída do armário para a minha mãe, tenho dado por mim a pensar na melhor abordagem e no conteúdo a focar nessa conversa fatal. O meu guião para este filme que se avizinha é algo deste género:

- Chegar à cozinha e pedir-lhe para falarmos na sala. Insistir que o jantar pode esperar. Em caso de urgência, prometer fazer o jantar.
- Fazê-la sentar-se. Se necessário, usar como isco uma revista de Sudokus estrategicamente colocada em cima do sofá.

- Fazê-la largar o Sudoku.

- Fazer uma introdução - dizer-lhe que de certeza que não lhe passou despercebido, ao longo dos anos, o facto de eu não me interessar especialmente em ter namorados.
- Sublinhar que isso tem uma explicação, e que não é eu ser atadinha ou tímida.
- Alertar que ela pode pensar que não me conhece, mas que nada muda com o que estou prestes a dizer-lhe. Continuo a mesma pessoa.
- Dar uma de sentimental e dizer que gosto demasiado dela para continuar a esconder-lhe uma parte tão importante da minha vida.
- Soltar a bomba: mãe, eu gosto é de raparigas.
- Depois dos gritos, choro, recriminações, insultos, e eventuais desmaios e copos de água, aguardar a hipótese para dizer as coisas que se seguem.

- Mãe, nunca me vi com homens. Só me vejo a partilhar a minha vida com uma mulher.
- Não é uma fase. Já o sei há algum tem
po e faz todo o sentido.
- Ninguém me influenciou ou seduziu. É algo que está em mim.
- A homossexualidade não é uma escolha e não posso mudar o que sinto e sou, apenas o meu comportamento face a isso.

- Não vou mudar o meu comportamento, mesmo podendo, porque é ir contra mim mesma.
- Aceita que eu sou homossexual. Se ficar com um homem não vou ser heterossexual. Vou ser homossexual e infeliz.
- Responder a eventuais perguntas, lidar com os choros e insultos.
- Dar-lhe um livro sobre homossexualidade.

- Sair de casa.

- Esperar umas horas até voltar. Ela vai precisar de tempo.

- Voltar e esperar que ela me aborde. Se não abordar, ser indiferente. Todos têm direito à negação.

(ufff...! Sujeita a alterações, com bastante a acrescentar!)

Teria sido tão, mas tão mais fácil tê-la feito deparar-se, há uns aninhos, com algo assim:

E viva a simplicidade!

Pistas de homossexualidade na literatura

quinta-feira, 20 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas
I

Contextualização: Conversa entre Luísa e Leopoldina, duas mulheres casadas do século XIX, sendo a última uma apreciadora da boa vida, com bastantes amantes.

- Lembras-te quando estivemos de mal?
Luísa não se lembrava.
- Por tu teres dado um beijo na Teresa, que era o meu "sentimento" - disse Leopoldina.
Puseram-se a falar de "sentimentos". Leopoldina tivera quatro; a mais bonita era a Joaninha, a Freitas. Que olhos! E que bem feita! Tinha-lhe feito a corte um mês!...
- Tolices! - disse Luísa corando um pouco.
- Tolices! Porquê?
Ai!, era sempre com saudade que falava dos "sentimentos". Tinham sido as primeiras sensações, as mais intensas. Que agonia de ciúmes! Que delírio de reconciliações! E os beijos furtados! E os olhares! E os bilhetinhos, e todas as palpitações do coração, as primeiras da vida!
- Nunca - exclamou -, nunca, depois de mulher, senti por um homem o que senti pela Joaninha!... Pois podes crer...



Eça de Queiroz, O Primo Basílio, 1878


II
(desculpem lá o inglês, mas é a versão que tenho)

It was a brief but violent passion. A month later they went to Cauterets, and Celia fell in love with Janet Patterson instead.

(...)

Also, so she
[a mãe] confided some years later to Celia, she had been afraid of her friendship for Bessie West.
"I've seen so many girls get interested in another girl and refuse to go out or take any interest in men. It's unnatural - and not right."


Mary Westmacott (também conhecida por Agatha Christie), Unfinished Portrait, 1934



Pois é, o grande retratista social do século XIX, o imortal Eça, falou com toda a naturalidade dos "sentimentos" que as jovens da época tinham umas pelas outras. e da forma como chegavam mesmo a "fazer a corte" umas às outras. Pareceu-me, pela minha interpretação do excerto, ser não só prática comum como também algo aceite como normal na altura, embora somente enquanto fase, enquanto primeira exploração. Obviamente, mulheres e homens tinham imperativamente de casar e constituir família, o que significava levar uma vida heterossexual. Isto não invalida, no entanto, que os seus sentimentos mais intensos tivessem tido como alvo uma pessoa do mesmo sexo, como é o caso da Leopoldina que, não obstante as suas mil e uma paixões e relações com homens, continua a considerar que foi uma mulher "a tal". De ressalvar, porém, que havia uma grande segregação por género no século XIX, pelo que as raparigas adolescentes só conviviam praticamente com outras raparigas, e os rapazes adolescentes com outros rapazes. Posto isto, mesmo que um dado jovem adolescente não tivesse tendências homossexuais, parece-me natural que explorasse a sua sexualidade com quem estava mais à mão: adolescentes do mesmo sexo.

Já no século XX e na convencional Inglaterra, a dama do crime Agatha Christie referiu de passagem os "sentimentos" de uma jovem menina por outra rapariga, sendo bastante mais explícita uns capítulos mais à frente, quando a mãe retira a Celia da "escola" onde estava por ter medo que esta se interesse pela amiga. Mais uma vez, e aqui bem mais vincadamente, a autora passou a ideia de que isto acontecia com frequência. Nesta passagem, o facto de uma mulher se interessar por outra mulher e não por homens é descrito como não natural e errado. Nada surpreendente, tendo em conta que este livro é de 1934. Se houvesse aqui uma apreciação positiva da homossexualidade, a controvérsia teria sido gigante. Assim, passou a mensagem de que a homossexualidade existe e é frequente, sem incendiar os ânimos da sociedade.

Outro livro que tem, todo ele, um toque de lesbianismo implícito e explícito é Netochka, do Dostoievski. Não coloquei aqui nenhuma citação, pois teria de ser o livro quase todo. Leiam, que é excelente.

Só para terminar: encontrei estes excertos porque li os livros em causa, não por ter feito pesquisa. E nestes livros é a homossexualidade feminina que é descrita com naturalidade, não a masculina. Ponho as mãos no fogo em como há muito menos referências por aí aos "sentimentos" dos homens do que aos das mulheres, não por ser menos comum, mas simplesmente porque práticas amorosas e sexuais entre homens representavam (e infelizmente ainda representam) um atentado à masculinidade do homem. Nas mulheres, não era grave desde que fosse uma fase, uma brincadeira, uma exploração - e não é isso que ainda consideram as nossas relações hoje em dia?. Nos homens, nem isso.


Leisha Hailey, uma senhora completa!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas


Já que estamos numa de L Word, aqui fica um vídeo da antiga banda da Leisha Hailey, muito antes de ter feito o papel de Alice. Como actriz, como cantora... como, sim senhora!
Uma pequena nota para os mais desinformados nesta matéria, esta banda chamava-se "The Murmurs" e a banda actual dela são as "Uh Huh Her"!

Leisha-me aqui!!! =D

Educação Sexual nas Escolas (2) L Word Style!

domingo, 16 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas


A mesma ignorância geral, apesar de numa sociedade bastante mais aberta às diferenças.

Educação Sexual nas Escolas

0 Portas LEScancaradas
Ora, parece que finalmente se decidiu implementar a educação sexual nas escolas portuguesas. Aplaudo hoje esta decisão, provavelmente acompanhada por muitos outros pares de mãos; assim como aplaudia os que defendiam a educação sexual há 10 anos. Acho que aí, até fazia eco de tão pouca gente a formar o coro de aplausos. Isto anima-me, pois muitos dos que diziam há 10 anos que a educação sexual iria corromper os miúdos estão hoje tão satisfeitos como eu com esta lei. Afinal, uma pessoa pode mudar de mentalidade, não é necessário mudarem as pessoas para se fazer essa reciclagem.

Agora, atentando às finalidades da Educação Sexual, existem dois tópicos que se relacionam connosco:

Artigo 2.º
Finalidades
Constituem finalidades da educação sexual:
a) A valorização da sexualidade e afectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das concepções existentes na sociedade portuguesa;
b) O desenvolvimento de competências nos jovens que permitam escolhas informadas e seguras no campo da sexualidade;
c) A melhoria dos relacionamentos afectivo-sexuais dos jovens;
d) A redução de consequências negativas dos comportamentos sexuais de risco, tais como a gravidez não desejada e as infecções sexualmente transmissíveis;
e) A capacidade de protecção face a todas as formas de exploração e de abuso sexuais;
f) O respeito pela diferença entre as pessoas e pelas diferentes orientações sexuais;
g) A valorização de uma sexualidade responsável e informada;
h) A promoção da igualdade entre os sexos;
i) O reconhecimento da importância de participação no processo educativo de encarregados de educação, alunos, professores e técnicos de saúde;
j) A compreensão científica do funcionamento dos mecanismos biológicos reprodutivos;
l) A eliminação de comportamentos baseados na discriminação sexual ou na violência em função do sexo ou orientação sexual.


Sim, acho óptimo e estou contente com isto. Mas não satisfeita. De modo algum satisfeita. E vou tentar explicar o porquê: considero que ensinar nestes moldes aos mais jovens algo que não é praticado na sociedade é , regra geral, pouco consequente.

Não acredito que a temática homossexualidade vá ser devidamente aprofundada, na medida em que o pessoal está mais preocupado com as DSTs e com as taxas de gravidez adolescente do que com "os sentimentos de uma minoria" (afinal, a temática homossexual continua a ser pouco prioritária, um embuste para as pessoas não se focarem no que realmente importa). Depois, quem vai abordar esta temática? Quem vai explicar aos miúdos o que é ser e estar na pele de um homossexual? Um professor antiquado de 50 anos, sem um único conhecido (assumidamente) gay? Ademais, todos sabemos que ainda não somos totalmente aceites pela maioria das pessoas, e que dentro do vasto grupo daqueles que não nos aceitam, há indivíduos com fortes, violentos sentimentos contra nós. Então, meus caros, como podemos assegurar que as pessoas que vão transmitir isto às crianças vão sequer ser a favor da igualdade entre homossexuais e heterossexuais?

Creio que, na melhor das hipóteses, estes miúdos vão ouvir em duas ou três aulas "há pessoas que gostam de pessoas do mesmo sexo e isso é normal", com o professor a passar seguidamente à frente, por não achar relevante, por não concordar com o que o programa lhe diz para ensinar ou, simplesmente, por não saber como explicar. O que vai ficar destas aulas? E digo mais, o que vai ficar quando os miúdos ligarem a TV, falarem com os pais, família, grupo de amigos e virem exactamente o contrário? Que as pessoas GLBT não são tidas como normais. Que não podem casar, que não podem adoptar, que não podem sequer dar sangue ou ir para a tropa. Que fora as organizações GLBT, temos muito pouco apoio e protecção contra a violência a que estamos sujeitos... Pergunto de novo, o que vai ficar? O que vai mudar?

Em suma, e focando-me no que a Educação Sexual nos pode trazer nesta luta, acho que até pode ser positiva dependendo de como, com que profundidade e por quem a informação será passada. Mas não basta. Queremos mais, muito mais. Queremos mudanças nas mentalidades das pessoas, não uma reciclagem com efeitos diminutos.

Eu sou hetero, mas comia-a...

terça-feira, 11 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
... a ela e à amiga.

Será moda? Será natural curiosidade? Será bom? Será mau? Será um avião? (lol ok, esta parte foi parva). Sempre preferi pensar que são simplesmente pessoas a explorar a sua sexualidade, com abertura suficiente para o fazer com pessoas de ambos os sexos. Pensava também que isto era bom, óptimo até, para pessoas de todas as sexualidades, na medida em que retira um pouco a pressão dos rótulos sobre as pessoas e as suas escolhas de parceiros.

Mas, minhas caras, atentem bem ao título - não deixa de estar bem patente o "eu sou hetero", de modo que o rótulo continua lá. Parece que há a necessidade de um refúgio na protectora muralha da heterossexualidade, ao admitir algo que possa ser desviante. É mais ou menos o mesmo de eu entrar num bar cheio de benfiquistas ferrenhos e dizer "o Vítor Baía é o meu herói, mas atenção!, eu sou benfiquista fanática!!!" Fugi da toca ao admitir algo diferente, pouco usual tendo em conta a minha orientação (clubística, neste caso) mas logo tive de afirmar a minha "pureza" ao clamar ser benfiquista. Uff, já mostrei estar acima de qualquer crítica em relação àquilo que sou. Que bom!, a minha posição na sociedade está protegida.

E por isto, ou talvez por trauma da minha própria experiência, hoje torço um bocado o nariz a este género de conduta. Estou a referir-me às mil e uma "eu sou hetero, mas comia-a" e "eu sou bi, mas só ando com homens", que povoam os nossos cafés, ruas, faculdades, empregos. Há uma distinção bem marcada entre o que, para essas mulheres, é possível alcançar com um homem e com outra mulher. Independentemente do prazer que podem ter numa relação com outra mulher, são demasiado cobardes para abdicar do seu pedestal de "hetero", protegido pela sociedade; da sua posição de "filhas/irmãs/sobrinhas exemplares", que seria deitada por terra; e do sonho da família perfeita, tradicional e feliz que alimentaram desde bebés. Ao dizer-se capazes de "ter qualquer coisa" com uma mulher, mas delimitando esse "qualquer coisa" a algo pouco sério, momentâneo, sem perspectivas de futuro ou escondido a sete chaves, estão a desvalorizar-nos (a nós, mulheres; a nós, lésbicas) infinitas vezes mais do que se dissessem "epa, olha, mulheres não me atraem". Estão a usufruir da magia especial que é ter algo com uma mulher, porque sim, é mágico e especial, (heteros e homens, desculpem esta parte!) sem dar nada em troca, sem pôr a cabeça na guilhotina como nós temos feito para defender aquilo que somos e aquilo que sentimos. Nas entrelinhas estão a escrever "isso não pode ser a sério. Não para mim, que estou acima dos desvios e só mereço o melhor. O melhor não podem ser vocês."

Para terminar, há um verso de uma música da Jessica Harp que, apesar de originalmente não ter nada a ver com a homossexualidade, me parece apropriado:

"(S)he's your straight face, I'm your make you laugh and cry to dance and to lie"

Ícones Lésbicos - Xena

segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas
Anos 90. Série de sucesso internacional. Xena, a princesa guerreira. Homossexual. Assentava tudo no subtexto, nos pequenos detalhes. Pouco perceptível para o público conservador, demasiado óbvio para a enclausurada comunidade lésbica que se revia na personagem interpretada por Lucy Lawless e nela procurava a força necessária para a sua afirmação sexual. Xena era forte, dura, inteligente, sexual. Vemo-la, ao longo da série, envolvida sexualmente com homens, mas o seu afecto mais terno está destinado a apenas uma pessoa, a sua companheira Gabrielle. Esta era provavelmente a situação das lésbicas no armário dos anos 90, assim como a de muitas hoje em dia.

Numa época em que os tabus sexuais, em especial o relativo à homossexualidade, estavam ainda bastante marcados, esta série abriu muitas portas. Deixo-vos um vídeo no qual a produtora da série e Renée O'Connor (Gabrielle) dizem expressamente que a partir de uma dada altura o seu público alvo passou a ser a comunidade lésbica. Isto demonstra bem o poder, neste caso consumista e capitalista, é certo, que a comunidade homossexual tem.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Portas LEScancaradas

"Twilight stars Kristen Stewart (Bella Swan) and Nikki Reed (Rosalie Cullen) seem to have become more than BFF and have been seen together holding hands and kissing fueling the lesbian romance rumors."

Ora, alguém pediu, o Gaynio cumpriu. Les-make-it-straight: a colocar foufas no seu sapatão desde 2009! Bem-vinda ao Sindicato, irmã!

E um especial obrigado à "PassaIrina Sapata" pela excelente informação.

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domingo, 2 de agosto de 2009
0 Portas LEScancaradas
Porque uma imagem pode valer mil argumentos:




E porque um trocadilho bem conseguido é mais fácil de decorar do que um artigo de opinião: